segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Reflexões sobre a linguagem cenográfica


O mundo muitas vezes exige que tenhamos uma visão mais amplificada das coisas, que as vejamos pelo lado, por outro, por cima... E no final, acabamos sabendo demais dessas coisas. Mas no teatro não. O teatro quanto mais nos fornece algo novo, encantador, mais queremos saber sobre ele. E nesse aspecto a cenografia é bem surpreendente.

A cenografia surgiu juntamente com a vontade de se criar um desenho ou uma estrutura palpável que manifestasse a ideia contida no texto e pedida pelo diretor. Dessa forma, adereços e ambientes foram caracterizados de acordo com o tema da montagem.

Não vamos confundir aqui arquitetura com cenografia... Arquitetura é dissertação, cenografia é poesia. O domínio da arte de decorar um espaço no teatro é de responsabilidade dum profissional chamado cenógrafo. E não arquiteto. A poesia brotará das mãos de quem tem os olhos voltados para o teatro.

Sendo assim, o cenógrafo toma conta do espaço. E a cenografia do espetáculo. Se o cenário não for pensado seriamente para um espetáculo, ocorrerá certamente, um choque entre personagens, texto e realidade mostrada.

Nesse aspecto, a cenografia dentro da televisão sofreu muito para se transformar no que é atualmente. No texto de Nelson José Urssi - “A Linguagem Cenográfica” – o que vemos é a preocupação com a cenografia no ramo do teatro e o esquecimento dela em filmes, programas de TV, enfim, no ramo televisivo.

Tal situação era resolvida com anúncios das empresas impressos numa espécie de outdoor e colocados ao fundo como os respectivos cenários. Quanto as novelas, a primeira a ser transmitida a cores foi o “Bem Amado” e o seu cenário não era lá muito proporcional com a realidade – tendia para o lado carnavalesco.

Assim, o cenário das novelas buscam sempre uma linha estereotipada a seguir. Eles também são projetados para que tanto atores quanto técnica e câmeras tenham espaços para trabalhar a cena. Dessa forma, o uso de mais de uma câmera em cima de um ator proporciona ao público outra faceta do cenário e portanto, a sensação de ver vários cenários.

Atualmente, discutir cenografia mudou. Hoje ela incorpora outra fisionomia, está mais séria e ao mesmo tempo moderna. Não chega a ser um fator principal no meio televisivo, mas não deixa de ser fundamental na elaboração dos programas. Desse modo, o equilíbrio mundo real x mundo fictício passa a ser abordado com franqueza sem que haja privilégios em alguns dos lados.

Enfim, o cenário teatral, televisivo, requer cada vez mais profissionais qualificados na área. Pois, como vimos, o público mudou juntamente com o mundo e acompanhar esse ritmo é o que todos queremos. Teatralizar um texto num palco já não é mais tão complexo – ás vezes sim – porém, com as novas tecnologias a disposição, recriar esse universo fantasioso que o teatro nos propícia se torna muito mais fácil.



Bibliografia Consultada:

URSSI, Nelson J. A Linguagem Cenográfica. Dissertação de Mestrado, São Paulo: USP, 2006.

CENOGRAFIA in livro on-line disciplina SC, UAB – UnB, 2010.

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